Imaginar um brasileiro sem sua novela de cada dia é o mesmo que imaginar um mundo sem estrelas para olhar. Mas ai é que tá! Veja bem a situação de minha vida. Odeio novelas, na verdade fico esperando um fim definitivo destas produções chatas, que nossa televisão insiste e nos obriga a assistir.
O ponto é que minha madre é uma excêntrica apaixonada por novelas latinas. Aquelas malditas novelas onde a cinderela siliconada tem ávido desejo sexual por um galã não tão bonito e de grande dote – o príncipe do carrão importado. O gosto discutível dela, talvez por pouca instrução escolar – não sei explicar. Obriga-me nestas férias a ver coisas danosas a mente.
Agora fico pensando, será realmente minha mãe que não tem bom gosto ou eu um asno sego. É verdade, produções de baixo orçamento tende por costume histórico a surpreender pela qualidade e enredo.
As novelas factualmente introduzem um gosto divertido e cômico sobre a realidade latino-americana: elas colocam um carinha rico, letrado em algum curso superior, às vezes de cá, às vezes do exterior: Nos dois o sujeito é rico e bem galante. A ‘galoa’ – digo a mocinha, aquela mulher meiga, virgem, pobre que todo homem quer comer.
Eles mostram uma classe média abastada, e o pobre bem: Acho que nas novelas globais eles não existem. São indivíduos com baixa audiência, mas a dramaturgia mexicana consegue enfiar o miserável de seu país em alguma retranca explorando um pouco do drama do povão.
O problema é que no México como no Brasil, os atores são visualmente europeus. Onde estão os mestiços? Eu quero ver o brasileiro, a mulata suada após um dia de trabalho numa casa de família. Quero ver o dia a dia da classe D e E, a classe rica eu já vi demais. Não é a minha realidade, mas é ai que tá. As séries norte-americanas também não são? E mesmo assim me prendo a assistir. Afinal meu gosto é duvidoso.
Um comentário:
Acabei de ler Harry Potter na segunda-feira. Então, não estragou nada pra mim. Talvez para os meus leitores...
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