O grande dia da minha vida foi quando meu pai resolveu comprar um vídeo cassete, era o melhor da época, tinha exatas 8 cabeças. Neste dia começaria um ritual, claro, hoje o meu vídeo está quebrado e assisto aos meus filmes num Vídeo DVD. Naquele tempo como nesse, existiam filmes bons e filmes ruins, e o primeiro grande filme que assisti em vídeo foi Batman Forever, aquele em que você se divertia em ver o Charada e colocava em dúvida a verdadeira sexualidade do homem-morcego e do mais que comentado Robin.
Bem, o meu segundo filme foi 'O parque dos dinossauros': Nossa e como foi legal – podia ver como o mundo estava mudando, e como aquele antigo seriado da (TVS), atual (SBT) , 'O mundo perdido' era tosco. Não! Eu não odeio o passado ou os filmes clássicos, ainda sinto calafrios quando assisto filmes antigos como 'O poderoso chefão' e 'O vento levou' – sim é um grande filme, mesmo com a atuações meia boca.
Voltando para o presente, filmes como o do Batman e Superman se mostraram ultrapassados em conceitos atuais, é uma atitude social relevante com o advento dos efeitos visuais. E com a introdução de personagens japoneses. Até mesmo os filmes de luta dos Estados Unidos perderam adeptos no mundo devido ao forte produto oriental de Hong Kong e agora das competentes produções sul-coreanas.
O complemento digital e o forte consumo globalizado estenderam uma nova evolução na indústria cinematográfica que veio ganhando força nos final do século XX. A arenosa construção de informação da sétima arte, sempre foi uma máquina cultural de poder alienante dos EUA. O maior produto dessa cultura, porém, afetava também os cidadãos estadunidenses. O mundo via o mundo como num espetáculo de luzes e fantasia, e imaginava-se num voou rasante sobre o ar como o super homem.
Nesse tempo outras culturas aprendiam a criar seus próprios espetáculos, e adaptavam o poder dos super-heróis escarlates aos seus costumes. Os cintos de utilidades eram substituídos por jeitos mais técnicos e reais. A indústria latino-americana sobrevivia com sua dramaturgia, que embora de aparência fácil e pobre, é de ótima qualidade e apreciada sobre o globo. O Japão talvez o mais afetado de todas as outras culturas orientais, conseguiu compor uma indústria cultural tão poderosa quanto os EUA. Sua futilidade e capacidade educacional esbanjou um milagre condicionalmente só repetido pelos europeus.
O produto japonês hoje é apreciado pela sua qualidade, mais isso se estende para seu material literário ainda desconhecido da grande maioria brasileira, que se diverte com seus animês (palavra de origem latina que modernizou-se e penetrou na língua de diversas culturas inclusive no português – notaram o acento?) e o mangá. O grande salto foi com a obra de Katsuhiro Otomo, Akira, e belas animações de Hayao Miyazaki.
O que estou tentando dizer é sobre a padronização cultural, um exemplo disso , não falando do fordismo, mas sim da indústria cultural, peguemos Matrix, aqueles golpes de kung fu e o estilo animação japonesa, e drama de ficção ocidental. Veja como produto está globalizado, se japoneses, brasileiros, chineses sempre viram o mundo segundo uma única armação de bambu. E conseguiram adaptá-la ao seu meio cultural, os estadunidenses fizeram o mesmo.
Se no confuso meio que move a informação a cada dez notícias que são produzidas no mundo, oito são dos Estados Unidos, aquele pequeno número de informações acaba chegando no mundinho deles, e se por algum motivo estiver bem a frente, acaba sendo incorporada a eles, se a cada dez noticias publicadas no mundo, oito são dos Estados Unidos, esse grande número de noticias atinge como uma câncer a cabeça dos jovens, mas aquelas duas míseras notícias funcionam como o equilíbrio dependendo do grau de sua consistência e repercussão.
O mundo assim como o vídeo cassete envelhece, mas assim como o DVD ele se renova, não igual, diferente, com novas pessoas, novos estímulos, culturas evoluindo e retraindo, impérios antes poderosos, enfraquecendo. Agora e sempre, como ontem ou como o amanhã esperando uma nova mudança digital, um novo mundo para um já cansado velho mundo.