terça-feira, 10 de abril de 2007

Tão natural como uma tempestade

Por José Nunes

“Vivemos em um formigueiro carregado de caos, semeado com a guerra, o amor e o ódio. Sonhamos com o pecado porque é muito fácil desejá-lo e corremos nesta direção por um impulso irresistível. Não há virtude em se esconder, pois a dor é muito mais aceitável do que a covardia”.

Guerra é uma palavra forte. Um referido de sangue entre povos com o objetivo de subjugação do outro. Durante séculos de colonização humana, o flagelo de conflitos trouxe a destruição de diversas culturas e o crescimento de outras. Uma guerra pode então ser considerada como uma fatalidade natural do homo sapiens. Algo inevitável.

A humanidade propagou sua espécie e espalhou-se sobre o planeta. Deixou de ser um grupo nômade para se tornar uma sociedade organizada que ocupa um grande espaço de terra, nasce à agricultura e os primeiros animais são domesticados. Muitas das tribos advindas de outros campos encontraram adversidades que impossibilitaram sua sedentarização.

O crescimento populacional ocorre, e aquele pequeno número de pessoas estica-se em classes. A terra já não é tão grande, mas o espaço sim e esse começa a ser ocupado. As primeiras guerras ocorrem devido à necessidade de novos recursos, e possivelmente porque um grupo não respeitou o espaço do outro.

O século XX é marcado pelo crescimento da tecnologia bélica e por grandes guerras, uma batalha não era mais decidida pelo número de soldados e sim pela melhor arma. Hitler escreveu com o sangue de milhões de judeus sua história, o partido nazista tornou infame até mesmo à suástica um símbolo místico que em algumas culturas significa – boa sorte.

Em 45 as cidades de Hiroshima e Nagasaki acordam com uma imensa luz, que devasta almas como se não existisse um amanhã. Mais de 200 mil pessoas encontraram o inferno e muitas que sobreviveram agonizavam gradativamente com a radiação. Era o fim da II Guerra Mundial e o início de uma nova divisão política.

A Guerra fria apresenta um novo tipo de batalha, não existe um conflito físico ou contato entre as partes capitalistas e socialistas. Estadunidenses (EUA) e soviéticos (URSS) travam um luta ideológica, política e econômica. A propaganda toma um impulso forte para ambos.

Mais as adversidades durante esse período são escritas por regimes ditatoriais, lideres que proíbem a liberdade do pensamento. A tortura é uma pratica comum para caçar os inimigos do Estado. O nacionalismo avança entre os países, e os protestos são abafados com a dor.

Com o fim da Guerra Fria, uma nova realidade toma conta, o poder e o genocídio continuam em alguns continentes, a África é o mais afetado, culpa de uma crise étnica que provoca conflito e morte. O senhor da guerra agora é a televisão, que exibe o espetáculo em ângulos diferentes, e o homem é apenas uma marionete do seu próprio destino.

Hoje nós jogamos nossas guerras na TV com um controle sem fio, assistimos nosso passado e presente, e brincamos de acertar Bin Laden na cabeça no computador. A sociedade vive um conflito interno de consumo. O sexo é uma propaganda forte, e a informação um remetente trocado na internet.

O vento às vezes sopra apenas para um lado, nele pode haver chamas e cinzas ou o retrato de um lago azul. Guerra é uma parte do homem que não pode ser arrancada é um instinto de sobrevivência e poder, o que resta apenas é olhar para o futuro e tentar não fechar os olhos para não perder o espetáculo.

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