sábado, 14 de abril de 2007

Medo

Por José Nunes


Uma flecha corta o corpo com um sorriso áspero, sua alma funde-se a ela. Você chama isso de amor e eu chamo de tolice. Segue em frente amando a tristeza, depois grita que não conhece o mundo, não é puro, mas como ladrão é mais digno.

Um brasileiro sabe como reconhecer sua miséria olhando para os seus pés e para mulher que o acompanha. Não são os dentes que faltam na boca ou mesmo o fato dela preferir ficar distante que perto de um cão vira-lata. É o fato de quanto medíocre você é a ponto de não poder dizer o quanto pensa nela.

A bela e a fera, você provavelmente é a bela já que a fera é a bela a ser conquistada. Tenho medo de dizer o que sinto, tenho medo da negação, tenho medo de não agüentar o não, e se receber um sim não saber o que fazer. Tenho medo de tudo um pouco, mas quem não tem, pois eu sou você e você sou eu.

Quero que entenda que se não amo é porque não conheci ainda esse sentimento, e que se odeio é porque ele não me é estranho. Não existe obrigação e sim uma condição que obriga a tal. Pode ser uma tolice me prover de tal sentimento, mais seria necessário que um sinal apagasse essa escuridão que esconde a sua alma de mim.

Por fim encerro essa lataria já oca e velha, a nova e linda ainda fria está pra vir, mas imprecisa num ramo de flores pálidas coberta de um sangue que seria divino, embora indiferente ao solitário caos desses seus olhos que me enlouquece de paixão.

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